segunda-feira, 10 de agosto de 2009

3 anos de lei Maria da Penha. Mas e a violência, continua?

Maria da Penha Maia Fernandes. Você conhece essa mulher? Talvez não. Mas, certamente, você conhece a lei Maria da Penha, que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Maria da Penha Maia Fernandes foi quem deu nome a lei que protege as mulheres, que hoje – 7 de agosto de 2009 – comemora 3 anos.
Maria da Penha foi vítima de violência doméstica em um casamento mal sucedido, com o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Marco Antonio tentou matá-la duas vezes, uma vez dando um tiro em suas costas enquanto dormia – tiro que a deixou paraplégica – e tentando eletrocutá-la embaixo do chuveiro.
As tentativas de homicídio aconteceram em 1983, mas somente em 2006, 23 anos após seu sofrimento, o presidente Lula sancionou a lei nº 11.340 – Lei Maria da Penha. Mesmo após tanto tempo, seu drama passou a servir como arma para outras mulheres que sofrem com a violência doméstica.
Cecília Tannuri, 49 anos. Quem ouve a história dela não pode imaginar como era sua realidade há 30 anos. Cecília é terapeuta, palestrante, escritora com seis livros publicados, e seu papel mais importante: idealizadora e líder da campanha Violência Sem Rastros.
Durante 22 anos, Cecília sofreu ameaças e agressões psicológicas, bem como seus filhos, ainda crianças. Após conseguir sair dessa realidade, se fortaleceu, criou os filhos, formou-se como terapeuta e 12 anos depois, no final de 2008, iniciou a campanha Violência Sem Rastros, movimento contra a violência doméstica e familiar.
Violência Sem Rastros é uma ação de âmbito nacional, sem fins lucrativos. Pessoas do Brasil todo já foram atendidas e objetivo é ajudar ainda mais. Todas as ações da campanha são gratuitas. Os primeiros atendimentos terapêuticos, palestras, exposições.
A conscientização e a prevenção são as ferramentas principais da campanha. Cecília acredita que somente conscientizando as pessoas de que a violência doméstica pode ser tratada e, prevenindo para que, aos poucos, o problema poderá ter fim. É preciso que as pessoas saibam que a denúncia deve ser feita e que a omissão alimenta ainda mais os agressores.
No entanto, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo mostra que agressões constantes, sejam elas físicas ou psicológicas, causam sérios danos ao cérebro das vítimas, fazendo com que a percepção da realidade seja alterada. Essa percepção alterada faz com que as pessoas não possam ao menos reagir aos abusos que sofrem.
Diante de uma realidade como essa, surgiu a campanha Violência Sem Rastros, que procura, por meio do conceito da NÃO VIOLÊNCIA ajudar vítimas de violência doméstica, principalmente a violência psicológica, que não deixa marcas visíveis. Por isso, o movimento vem como serviço de ajuda, de utilidade pública para que todos que precisem possam entrar em contato, receber ajuda, se fortalecer e ser encaminhados a instituições competentes, que também atendem vítimas de violência doméstica. Àqueles que não sofrem precisam prevenir e conscientizar-se também.
Divulgue a ideia, o conceito, o propósito. Só a prevenção pode evitar que mais atos bárbaros como o sofrido por Maria da Penha, Cecília Tannuri e tantas outras mulheres sofreram e ainda sofrem. Estas duas conseguiram transformar seus sofrimentos em reais instrumentos de ajuda, isso é a conscientização passada adiante.
O número de denúncia para mulheres que sofrem de violência doméstica é o 180. Denuncie. Faça sua parte!

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